terça-feira, 26 de março de 2013

3 meses

Hoje completa 3 meses de nascimento da minha princesa.....estive no cemitério para levar um vasinho de flores cor-de-rosa, bem miúdas e delicadas, assim como ela era.

Lembrei de cada momento que passamos juntas e senti uma saudade imensa, uma vontade de poder beijá-la bem forte, como nunca pude fazer.

Tem dias que são difíceis, e parece que tudo e todos conspiram para que exatamente nos dias de maior fragilidade e de lembrança, tudo fique ainda pior, como se não bastasse eu ter que aprender a lidar com a perda de minha filha, "C´est la vie", afinal para todos a vida segue sem as lembranças e as dores que carrego comigo, mas confesso nessas horas penso o por que ainda estou aqui.....depois passa, melhoro, me conforto e me auto consolo, e assim vou vivendo, na esperança que ainda dias melhores e de mais paz venham.

Hoje gostaria de comprar um brinquedo lindo de presente para ela, mas tenho que consolar em levar-lhe flores.

Filha, a mamãe te ama muito, continuo sentindo sua falta, e sempre sentirei, mas espero que vc esteja cheia de luz, feliz e brincando com os anjinhos. ♥

A música que embalou minha ida e volta, ainda é a mesma.

"Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores"

Djavan


sábado, 16 de março de 2013

Solidão - trabalho

Num geral sempre me senti muito sozinha......minha família sempre trabalhou fora e eu ficava sozinha em casa, eu trabalho como autônoma, sozinha, ao me casar pensei que não ficaria mais sozinha, mas não é bem assim, muitas vezes o que um quer não é o que outro quer, então um vai dormir, outro vai jogar, ou  um quer ver um programa da TV e o outro não quer, e assim vai, não como regra, mas isso é fato.

Na minha segunda perda gestacional resolvi pegar a Lilica (minha cachorrinha) com isso aquele vazio e solidão poderiam ser amenizados pela companhia de um cãozinho, afinal sempre tive cachorros e isso me fazia mta falta, além de amenizar a solidão, a dor das perdas, enfim, mas isso em tese, pq a Lilica no inicio deitava em baixo da cama, e eu ficava sozinha rsrs, chega a ser cômico....hj ela é mais companheira, mas me abandona muitas vezes aos finais de semana pela companhia do pai, que na semana fica bem menos tempo com ela do que eu.

Tem pessoas que necessitam ficar sozinhas, e eu mtas vezes tb quero e preciso, afinal me acostumei a isso, mas a ideia de te um filho me fez imaginar que por vários anos teria a companhia de um filho (a), talvez por isso que quisesse tanto uma menina, pois na minha cabeça, teria a companhia dela por longos anos, afinal no inicio qdo bebe eles precisam da mãe, e num futuro, pois mulheres acabam se fazendo mais companhia por terem mais coisas em comum.

Pois é, me preparei para ter uma filha, sendo advogada autônoma,  o que significa que nos últimos meses de gestação acabei recusando alguns trabalhos, que não daria conta de faze-los tendo uma bebe em casa para cuidar, mais marido, casa e a Lilica, então apenas fiquei com os trabalhos que já tinha.

Nesse momento ainda não quero pegar trabalhos novos pelo desgaste emocional que é ser advogado, principalmente, na área de família, e sempre ouvir a Dra tem filhos?? Ou ser forte o suficiente para ser "psicologa", racional, para ajudar as pessoas num momento tão difícil que é um inventário, divórcio, uma guarda de criança, pensão alimentícia de pais sem noção que colocam filhos no mundo e numa separação se esquecem que eles tb comem, e para mim isso se torna ainda mais revoltante, eu querendo tanto que minha filha estivesse comigo, e tem gente que os tem e não valorizam.

Continuo com esta solidão no peito, apesar que sei que não posso depositar todas minhas expectativas na companhia de um filho, afinal um dia eles serão do mundo, mas sou um ser humano e por mais racional que eu tente ser, acabo depositando sim!!

Solidão hj é a palavra de ordem!!!

sábado, 9 de março de 2013

Outras histórias

As vezes o que me conforta é imaginar que tudo poderia ser ainda pior.....penso se a Luana estivesse em casa comigo e tivesse morrido se não seria muito pior, se não poderia me culpar por algo, enfim, penso, penso, imagino, divago, sobre várias outras hipóteses que poderiam ter ocorrido de uma forma mais trágica.

Li o caso que segue o link abaixo, uma história de perseverança que vale a pena ler, com ela me fortaleço de certa forma, mas tb me bate um medo terrível de tentar uma nova gestação e passar pelo que passei novamente.....vai entender os desígnios de Deus!!

http://www.projetopequenosguerreiros.com/2013/03/depois-de-perder-nove-bebes-eu-virei.html

Esta é bem parecida com a minha:
http://www.vidadegestante.com.br/leitor-a-historia-de-leticia/

Mensagem deixada pelo pai


Amanha iremos visitar nossa princesa e lembrei da msg deixada pelo meu marido.

“Duraram exatos 227 dias. Esse foi o tempo q durou meu maior sonho.
Luana.Cada momento que passei ao seu lado foi inesquecível, desde quando vc estava na barriga da mamae ate ontem.Durante esses 8 dias que pude ver seu rostinho, que fiz cafuné em voce, que vc apertou meu dedo com toda a força, que vc se espreguiçava, vc me fez a pessoa mais feliz do mundo.Ter passado a virada do ano com vc foi Inexplicável.Minha filha te amo tanto, tanto que nao sei o que fazer mais com esse amor, acho q é ele que deve estar doendo no meu peito.Fiz tantos planos pra vc, vc era tao esperada, estava tudo pronto...Sinto nao ter podido te abraçar, nao deu tempo, mas sei que vc sentiu o meu amor e sei que vc ouviu e entendeu todas as vezes que eu te disse EU TE AMO. Minha princesa, vc chegou sem avisar e foi embora da mesma forma. Te amo. Te amo. Te amo.
Kika. Obrigado, obrigado por tudo só nós dois sabemos o que vc sofreu pra me fazer tao feliz e completo por esses dias. FORÇA . Estou e estarei sempre ao seu lado. Te amo muito.
Aos avos, desculpe se pecamos em algum momento, mas foi pensando no bem de nossa princesa.
Minha filha descanse. Te amo mais que tudo nessa vida.Vc sempre será inesquecível.
Bjs do Papai e da Mamãe


É o que temos para hoje!


É as coisas continuam difíceis sim, não vou negar!! Tem dias que estou mais fortalecida e que consigo passar imune a minha tristeza interior, choros, revolta qdo vejo nos noticiários histórias de bebes e crianças abandonados, às postagens no FB de bebes, de crianças, de como é bom ser mãe, do melhor papel que uma mulher pode desempenhar na vida que é ser mãe, e inclusive a este último dia internacional da mulher, dentre outros, é impressionante como parece que o mundo conspira a favor da lembrança, da dor e da saudade, e assim vai, dias melhores, outros nem tanto.

Fora as marcas no corpo da gestação, que ainda estão aqui, impreguinadas, talvez se elas sumissem mais rápido, a situação ficasse um pouquinho mais leve.....mas é isso aí, o que temos para hoje!!!

Certamente o dia de hj será melhor, irei me distrair com os amigos e durante algumas horas conseguirei rir de alguma piada, aguardando que estes momentos de leveza se tornem mais constantes.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Rito de passagem


Eu estava enrolando para escrever sobre o dia da morte da Luana, e hj pensei, preciso acabar logo esta parte, pq tinha plena consciência o quão difícil seria escrever e que certamente iria chorar muito, por relembrar e reviver toda minha dor, e claro que foi exatamente assim, uma palavra, uma lágrima.

Para mim escrever este trecho seria como um rito de passagem, conseguir colocar para fora o dia mais doloroso de toda minha existência, e hj consegui faze-lo.

E acreditem, qdo sentei no sofá da sala e fui ver o blog que vi a data de hoje, dia 04, fatídico dia 04, e o Gu falou, "pensei que vc tivesse escrito hoje exatamente por ser o dia de aniversário de morte dela", e não, não foi, nem sabia que dia era hoje......pura coincidência!!!!  

Queria dividir isso....como pode eu nem saber a data de hj e escrever exatamente sobre o dia do falecimento da Luana e ter na minha mente que isso fará parte de um rito de passagem para mim, pelo menos assim espero, um rito que amenize a dor, pq a saudade e a lembrança será eterna.

Lembrar, chorar, sofrer, ter saudades, as vezes se revoltar.....isso fará parte da minha vida, pra sempre.


A pior noticia que um pai e uma mãe podem receber na vida!!!


No dia 04, pedi a minha mãe que só me pegasse as 10hs, já que o boletim médico era 10:30hs e iria ficar lá praticamente o dia inteiro.

Tb não entrarei em outros méritos, mas na noite anterior fui dormir a 1 hs da manha, resolvendo problemas, que pode ser que um dia eu fale sobre isso, mas não tem nada a ver com minha filha, então fica sem importância.

Minha mãe chegou no horário combinado, e quando estava entrando no carro, toca o telefone e era do Hospital, a médica solicitava que eu fosse para lá imediatamente.......ali meu coração parou, perguntei a ela o que aconteceu, e ela não me respondeu, então fiquei desesperada e perguntei, minha filha morreu?? E ela não respondeu!!! Na hora gritei para minha mãe, minha filha morreu!!!!! Liguei pro Gu e disse, me ligaram do Hospital, eles não me ligariam se a Luana tivesse voltado para UTI, iriam esperar que eu chegasse lá, acho que ela morreu, e ele foi direto para lá.

Foi o caminho mais longo de toda a minha vida, eu pedia a Deus para que eu estivesse errada, Ele não poderia ter feito isso com a gente!!! Não depois de tudo que fizemos para chegar até ali !!

Qdo cheguei subi tão rápido aquelas escadas, recém operada, que nem sei como consegui, e ao entrar na NEO 2, ela estava sem mãe nenhuma, apenas as enfermeiras, a médica e os bebes.....a médica me olhou com lágrima nos olhos e falou, sua filha morreu!!!!

Meu mundo desabou!!!! Ela disse que fez tudo que era possível, que as 7hs da manha a Luana começou a chorar, então as enfermeiras a avisaram, e q qdo ela foi olhar, a Luana estava com a coloração estranha, que então foi entubá-la e nesse procedimento ela já não resistiu, que tentou reanimá-la por quase duas horas, que fez outros procedimentos, e que não conseguiu.

A causa mortis, tamponamento cardíaco, disse que o coraçãozinho dela se encheu de líquidos repentinamente, que foi um mal súbito,   que geralmente ela consegue fazer com que o bebe volte, mas que dessa vez não foi possível, tb disse que as chances disso ocorrer é 1 em 1000......que sorte a nossa não??!! 1 em 1000, e nós fomos os sorteados!!!!

O Gu chegou, a médica foi logo falar com ele, que dó!!! Meu Deus!!!! Que dó!!!

Ele perguntou onde ela estava, e ela estava ainda na encubadora, ele foi até lá e a pegou no colo, foi a cena mais triste que eu pude presenciar em toda minha vida.....ele a beijava, beijava tanto, tirou o lençol dela, para ver o pézinho, pois sempre identificávamos ela pelos pés, ela tinha o dedo ao lado do dedão maior, igual o meu, e brincávamos que ela iria mandar no marido, e lá ele permaneceu alguns minutos, com ela no colo.

A médica, que era típica médica, fria, chorou e repetiu, que fez de tudo, e  que só se arrependia de uma coisa, de não ter deixado que ele a pegasse no colo!!! Nem preciso dizer nada né?! E o Gu virou e falou para todas enfermeiras e para a médica, que elas deveriam mudar o procedimentos com os pais, pois as tratativas eram rudes demais e que ele havia passado por varias situações ruins ao tentar ver a filha dele e agora estava com ela nos braços naquela situação.

Eu não tive coragem de pegá-la no colo, só ficava do lado, olhando e chorando, e hj acho que me arrependo, pois sinto que não consegui me despedir dela direito, nem no dia de seu falecimento e nem no enterro.....espero conseguir me livrar desse sentimento!! Na verdade, nunca a peguei nos braços, apenas fiz dois cangurus, e agora não posso voltar atrás.

Minha mãe estava na porta esperando, nem preciso dizer que o mundo de todos caíram, ligamos pro meu pai, pro meu sogro, para Thais (a madrinha da Luana e minha amiga), e cada um que ouvia a noticia era como uma facada no coração!!! Sem exageros!!! Ela era esperada demais, por todos, amigos, família, todos participaram da nossa luta, de nossas conquistas, enfim, a morte dela doeu em pessoas até nem tão próximas.

O enterro foi o mais triste que já fui na vida, enterro de bebe é cruel !!! O cemitério estava lotado, principalmente de amigos e pudemos contar com a solidariedade de muita gente, pessoas que nem esperávamos na verdade. E lá estava meu bebe, minha menina tão esperada, num caixão branco, vestida com a saída da maternidade.

O Gu pegou o caixão nos braços e eu do lado, como se a estivesse carregando no colo, andamos o cemitério inteiro, e a enterramos......9 dias apenas tive minha lindeza ao meu lado e não pude colocar nela nenhuma das roupinhas que compramos, não troquei a fraldinha dela nenhuma vez, não pude dar banho nela, ela não conheceu o quarto lindo que montamos, e nada do que planejamos para viver com ela, pode ser vivido.

Filha te amo!!!!

Aos amigos e família, só temos a agradecer por toda a ajuda e força que até hj nos dão, obrigada!!!


Bloqueio - último dia na companhia da minha pequena

Nesse momento queria pegar no telefone e ligar pro meu marido e pedir....refresque minha memória por favor.

Não sei se planejei o dia seguinte tão forte em minha mente e como ele não aconteceu da maneira que eu espera e havia planejado, e por ter repetido para mim mesma e para as pessoas por tantas vezes, que minha mente parece que esta bloqueada!! Irei escrever o que me vem agora e se depois as idéias e a memória clarearem, escreverei novamente.

Minha mãe me levou ao hospital de manha, passou aqui em casa uma 9:30hs, ela estava me levando nesses últimos dias pois o Gu havia voltado ao trabalho, e ela já levava a Lilica para que não ficasse sozinha em casa praticamente o dia inteiro, e pegávamos ela só a noite qdo vinhamos embora dormir.

No dia anterior, ela me levou, eu voltei de táxi, o Gu trouxe almoço, almoçamos e fomos pro hospital, a tarde, as 14:30 hs, todos os dias passavam o boletim médico dela enquanto estava na UTI, então desde o primeiro dia até o último, estávamos juntos para receber as noticias, eu sempre subia antes enquanto ele estacionava o carro e pegava o crachá de entrada, com isso eu já ficava com ela antes dele chegar, para qdo ele chegasse ele ficasse com as mãos nela por mais tempo já que eu tinha os horários livres com ela, e ele não, depois voltávamos para casa, descansávamos um pouquinho, (eu aproveitava para tirar leite) jantávamos e íamos novamente vê-la, ficávamos juntos no horário de visitas, mas qdo acabava eu ficava mais um pouquinho com ela, depois tirava o leite e ia buscar a Lilica e para vir pra casa dormir.

Como o último dia que fiquei com ela foi diferente, por ela ter ido para NEO 2, não estou me lembrando de todos os detalhes.....me lembro que minha mãe me levou pela manha (não pude dirigir durante 20 dias),  e nessa visita tive a noticia que ela iria para NEO 2 naquele mesmo dia, fiquei muito, muito, muito feliz, disseram que a outra visita da tarde já seria lá, fiquei no Hospital esse dia direto, almocei lá, qdo o Gu chegou subimos juntos, felizes da vida.

Conversamos com a médica sobre como seria o canguru, os procedimentos no lugar novo, e o Gu pediu que tb queria fazer o canguru, ele não aguentava a vontade de pegá-la no colo, a médica então disse que poderia ser apenas no final de semana, pois como lá as mães amamentavam os bebes, tínhamos que marcar o dia e horário para se organizarem, e decidiram que seria no domingo a primeira vez que ele a pegaria. Eu já havia ficado com ela o dia anterior, e iria ficar mais um pouco nesse dia no tão desejado canguru, especificamente dia 03 de janeiro. E assim foi, a noite, fiz canguru com ela,  fui tirar leite, e vir embora para casa, pois estava me programando para o dia seguinte, pegar o boletim médico, que agora passaria para as 10:30hs, e as 11hs, tiraria mais leite, e ficaria com ela no canguru até umas 14hs, pararia para almoçar e o Gu já viria na visita, e assim seriam os próximos dias a partir daquele momento, até ela aprender a sugar e aí sim teria alta.

Se eu imaginasse que este seria nosso último dia juntas, não teria nem vindo embora, teria ficado lá com ela mais tempo, e me questiono até hj, P Q NÃO FIQUEI LÁ MAIS TEMPO COM ELA!!! Será que seria diferente se ela tivesse tido mais contato comigo?? Acho que não, mas mesmo assim, qquer mãe no meu lugar se faria esta mesma pergunta, por mais dolorida que seja.






domingo, 3 de março de 2013

Ordenha



A Luana não podia se alimentar nos primeiros dias de UTI, pois o diafragma é um músculo usado para respiração e tb ajuda na digestão, e inicialmente a respiração era o principal foco e os médicos não queriam causar uma distensão, dado motivo dela não receber leite. Apesar disso eles ministravam um soro, com sais minerais e outras coisinhas mais necessárias para mante-la bem naquele momento que não sei agora explicar o que era.

Passados uns quatro dias de UTI  me solicitaram que tirasse leite, inicialmente, a Luana iria ingerir 0,6ml a cada 3 horas, por uma sonda que ia até o estomago, e dependendo da reação dela iriam aumentar, em 4 dias foram aumentando aos poucos e de 0,6 ml chegou em 14 ml, ou seja, ela estava recebendo a alimentação super bem e tudo correndo bem.

Nesse hospital não tem banco de leite, não podemos utilizar bombinhas para tirar leite, o que facilita e muito a vida, ou melhor dizendo, ordenhar, a sala para ordenha só cabem duas mulheres por vez, e sempre que tínhamos que ordenhar alguma enfermeira nos acompanhava, ou seja, tudo mto  burocrático, cansativo, e nos fazia perder mto tempo aguardando, quer seja a limpeza da sala, quer seja alguma enfermeira para nos acompanhar, quer seja para aguardar alguma mãe que estava demorando horas para conseguir ordenhar sob aquela pressão.....pressão sim!! Tínhamos  que usar touca, luva, avental, ordenhar num potinho apertando os seios com os dedos e sempre com uma mãe ao lado fazendo o mesmo, e a enfermeira dentro da sala, super confortável!!!!

Para se ter uma ideia cada vez que eu vinha para casa eu tirava mais de 60ml de leite na bombinha manual e jogava tudo fora, isso desde o inicio, pois nos primeiros dias a Luana não se alimentava e depois para eu não ter febre e não empedrar meu leite, se tivesse um banco de leite e pudesse usar bombinhas tudo seria muito mais fácil.

No primeiro dia que fui ordenhar pensei que iria ser fácil tendo em vista ter tanto leite e tirá-lo com tanta facilidade na bombinha, qdo cheguei na sala de ordenha parecia um pesadelo, pensei, não vou conseguir, ainda bem que era bem pouco que tinha que tirar, se não, certamente não teria conseguido. Isso tb me deixou mal, cheguei em casa dizendo, eu não vou conseguir, mas depois peguei o jeito e consegui, mas demorava 20 minutos para tirar uma quantidade que na bomba eu tirava em 2 minutos, literalmente.

Não bastasse tudo isso a validade do leite é de apenas 8 horas (antigamente era 12hs), ou seja, minha filha nunca conseguiria tomar meu leite ao meio dia, pois o que eu tirava a noite serviria para a madrugada até as 9hs, e o que eu tirava de manha, não chegava para ela ao meio dia, por causa da distribuição e do serviço interno do hospital. Qdo soube disso fiquei muito chateada, pois acabavam jogando leite meu fora e davam outro para minha filha, industrializado, obviamente deveria ser mto bom tb, mas nada melhor que o leite materno.

A foto acima retirei desse site que segue abaixo, que tb fala bem sobre esse assunto, para quem tiver interesse em ve-lo segue:

sábado, 2 de março de 2013

Oito dias - bebe prematuro

Os dias que se seguiram correram bem, ela progredindo diariamente, comecei a tirar leite e o aumento de um dia pro outro era significativo. No inicio pensei q não iria conseguir, mas consegui !!! Tirava leite de manha e a noite, por causa da validade do leite que é curta.

Um dos dias que estava na UTI, fiquei sabendo que a Luana nunca tomava meu leite ao 12:00hs por causa das "BURROCRACIAS", sim com dois r´s, de burro mesmo, a legislação em relação a validade do leite e dos procedimentos, fazia com que mesmo o meu leite sobrando, ela não o tomasse nesse único horário, fiquei mto chateada e pra variar chorei!!! Pq sabia que o meu leite era o melhor para ela  ainda mais naquele momento.

Tirava o leite numa sala especifica pra isso, apenas com dois lugares, e nós mães, só podíamos fazer este procedimento acompanhadas por alguma enfermeira, então mtas vezes tinha que esperar quem pudesse me acompanhar, e mtas vezes elas estavam ocupadas, ou a sala sendo limpa, ou se lá já estivessem duas mães eu tinha que aguardar e sabe lá quanto tempo, isso era mto chato, estressante, e me fazia perder tempo, que eram preciosos, seja lá para o que fosse, descansar, comer, estar com a Luana.....este serviço deixava mto a desejar, mas fazer o que né?!

Nunca, em nenhum só dia, pensei que minha filha não sairia daquela UTI e não viria para casa comigo, então qquer esforço, estresse, cansaço, era válido.

Qdo vc esta nessa situação, começam aparecer as histórias das pessoas relativamente próximas que tb tiveram seus bebes prematuramente e que tudo correu bem, e estas geralmente em casos mais alarmantes que o meu, bebes com pesos mto mais baixos e menores que da Luana......então eu não tinha dúvidas que tudo iria dar certo, afinal qtos bebes ficam uns dias na UTI, faz parte, e geralmente fica tudo bem, e minha Luana tinha nascido já na entrada do meu oitavo mês, grandinha até pela idade gestacional, eu estava muito confiante !!! Além disso nunca nenhum médico me disse que ela apresentava qualquer problema de saúde, e realmente não apresentava, os procedimentos, medicamentos e monitoramentos realizados, eram feitos como de praxe para qualquer bebe prematuro.

Nos primeiros dias de UTI eu não tirava leite para ela, pois ela não se alimentava ainda, depois passei a tirar com isso meu horários se alteravam um pouco, então não tinha uma rotina certa, mas eu estava lá todos os dias, em três horários, afinal estava perto de casa, e vir para casa, tomar um banho, ver a Lilica (minha cachorrinha), ajudava bastante, pois na UTI ficava muito tempo em pé e eu estava com os pés ainda muito inchados, e o Gu tb ia nos dois horários que lhe eram permitidos......estava sendo cansativo, mas tudo bem, pois em poucos dias ela sairia de lá.

Os médicos disseram que os dias lá seriam necessários para que ela aprendesse a respirar direito, fato que iria se dar na 34 semana de gestação, como ela nasceu antes o aparelho respiratório (CPAP) ajudava ela a aprender, depois ela teria que aprender a sugar, com isso ela poderia sair de lá, pois iria respirar bem e saber mamar. Os bebês prematuros ficam conectados a um aparelho que se chama oxímetro, é através dele que sabemos se o bebê está respirando. O aparelho emite sons agudos toda vez que o limite de oxigênio fica abaixo do adequado. São os sons da UTI.

Como fizemos o canguru e ela não precisava mais do CPAP, ela foi pra Neo 2, nossa como ficamos felizes!!! Não estávamos esperando que isso ocorresse tão rapidamente  A recuperação dela estava indo melhor do que imaginávamos, esta Neo 2 era um dos maiores objetivos naquele momento, pois era diferente da UTI, o local mais leve, poderia fazer o canguru com ela por horas, uma felicidade.

Consegui fazer um canguru relativamente rápido no dia que ela chegou na Neo 2 (pouco mais que meia hora), sem os aparatos que foram usados na UTI, não foi mto tempo pois ainda naquele dia tinha que tirar mais leite e vir embora dormir, pois o dia seguinte seria um outro dia, diferente dos anteriores, não iria as 3 vezes ao hospital e sim duas, pois agora se iniciaria o momento que eu poderia e deveria ficar com ela bastante tempo no canguru e com isso logo mais ela aprenderia a sugar.....nossa como esta noticia estava sendo boa!!